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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Fenômeno genético pode abrir caminho para cura da Sida

Estudo descreve dois casos de pacientes
em que o vírus ficou inactivo após uma
alteração em seu gene, que levou à
integração às células humanas.
Cientistas franceses descreveram um
fenômeno natural através do qual acreditam
que dois homens foram curados da infecção
pelo vírus HIV. A pesquisa foi publicada
nesta terça-feira no periódico Clinical
Microbiology and Infection e pode abrir
caminho para uma nova estratégia de
combate à sida.
Os dois pacientes, que jamais se
submeteram a tratamentos, estavam
infectados com o HIV sem terem
apresentado sintomas ou uma quantidade
detectável de vírus no sangue. Segundo os
autores do estudo, o vírus ficou inactivo
devido a uma alteração num gene do HIV,
que se integrou às células humanas.
Eles acreditam que esse processo foi
causado pela acção de uma enzima, que
pode no futuro ser estimulada com
medicamentos para produzir a mesma
resposta em mais pacientes. "Esta
observação é muito interessante e pode
representar um caminho para a cura",
explicou Didier Raoult, professor da
Faculdade de Medicina de Marselha, na
França, e coautor do estudo.
Um dos pacientes foi identificado como
seropositivo há 30 anos, e o outro em 2011.
Nenhum deles apresentava outros factores
de resistência ao HIV conhecidos, como
mutações na proteína CCR5, que permite ao
HIV infectar as células.
Mecanismo genético — Os pesquisadores
mostraram que o HIV foi inactivado por um
sistema de interrupção da informação
fornecida pelos genes do vírus. O sistema
marca o fim da tradução de um gene em
proteína. O vírus torna-se incapaz de se
multiplicar, mas permanece presente no
DNA dos pacientes. Estas interrupções se
devem a uma enzima conhecida, a Apobec,
que faz parte do arsenal disponível nos seres
humanos para combater o vírus, mas
normalmente é desactivada por uma
proteína do HIV.
Os cientistas acreditam que a cura para a
sida pode vir da endogenização, a integração
do vírus ao DNA humano, que gera uma
resistência transmissível aos descendentes.
Um fenômeno semelhante foi observado em
coalas. Um vírus de macaco, causador de
cancro e leucemia, já não os faz adoecer
após a integração e neutralização do vírus
no seu genoma, diz Raoult.
Para os pesquisadores, trata-se de um
mecanismo provavelmente comum em
epidemias anteriores. Portanto, pode-se
pensar que ocorre a um certo número de
pessoas infectadas com o vírus da sida.
(Com Agência France-Presse)

6 outubro de 2015

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